segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

"EM MARÇO CANTA O CUCO"

Quem tem tem!
quem não tem não dá
porque, tudo também
o que começa acabará?
Sem rei na barriga,
com inteligência
trabalha a formiga
para a sobrevivência.
De dia no céu brilha o sol,
enquanto canta a cigarra
barulhenta que se farta
incomoda o caracol.
O gafanhoto aos saltinhos
em cima dum penedo
voam os passarinhos
dos caçadores, com medo.
Em Março canta o cuco
em Abril canta a rola
na porca enrosca o parafuso
no gargalo da garrafa entra a rolha
feita de cortiça, tirado do chaparro
nas mãos do trabalhador faz bolha
o cabo do machado!
Tem mãos finas quem não trabalha,
bem conservadas sem calos
para se fazem os queijos o leite se coalha
na cavalariça, quando têm fome os cavalos
relincham para lhe darem ração, não palha!
As galinhas fora da capoeira
de grão em grão enchem o papo
os políticos para fazerem asneira
recebem um bom ordenado!
 Tem frieiras nas orelhas,
do frio, o camponês,
no campo guardando as ovelhas.
Na taberna entra o freguês
pede ao taberneiro um copo de tinto
fiado, sem guito trabalhador português
diz o taberneiro sorrindo.
Vai a outra porta bater,
sem guito, aqui não há petisco
se quiseres bem na vida viver
 terás de ter um tacho político!
(Edumanes)

domingo, 28 de fevereiro de 2016

"FLOR DO FUTURO"

Por tão cruel, ela, ser,
a dor, magoa a vida bela
por isso é que a faz sofrer,
não se importa pudera!
 A vida é humilde,
  desumanidade é que não,
 feliz, a dor não a deseja ver
não quer que continue firme
por isso é que lhe dá abanão,
para, infeliz, mais padecer!
Quando e para sempre,
sem ela se deixar de sorrir
porque, já nada se sente!
  Com ela deixa-se ficar a saudade,
 para, na vida, com vida, bem se sentir
trazendo saúde, paz, amor e felicidade
para quem espera o futuro florir!
(Edumanes)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

"NA PIROGA, COM ELES NAVEGAVA O MOTE"

No Cobué, não tinha frio,
com ele navegava o mote
Fuzileiro navegando no rio
na sua piroga sem capote!

Por isso,  bem valeu a pena,
não foi tempo, no tempo perdido
foi, sim, para escrever este poema
não ficar no tempo esquecido!

 Com cheirinho a flor de camélia,
na plateia os mirones a cheirar
vendo as beldades na passarela
mostrando sua beleza a desfilar!

O azeite se extrai da azeitona,
no verão faz calor que se farta
sem vento, na planície alentejana,
nas cidades o pagode se divertindo
vai pisando sem bulir uma palha
 as pedras da calçada polindo!

 O leite das tetas da vaca,
porque naquele, calmo, dia
não havia nenhuma zaragata
se ordenhava com calmaria.

No inverno quando cai neve,
na Serra da Estrela, brancura
do leite é que se faz o almece
a vida é bela com amor e ternura!
(Edumanes)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

" RAÍZES ENVENENADAS"

Com as dores que sente,
chora noite e dia, sem cessar
 porque, o mundo está doente,
a maldade o prantou assim,
não se consegue curar
um mal que não tem fim!
 São as raízes envenenadas,
  propagando o veneno na terra
como falsos profetas embuçados
no mundo os senhores da guerra
heróis, sem o serem, condecorados!
Pelos actos, praticados,  de terror,
por eles à distância comandados
falam de paz como quem fala de amor
 pela destruição, estão, apaixonados!
(Edumanes)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

"FLORES"

Nomeado para uma tarefa,
sem saber por onde começar
foi perguntar a um careca
que o mandou ir passear
para junto do jardineiro,
fazer companhia às flores!
Já com nada se contenta,
perdeu o gosto dos sabores
 antes tudo fazia tão perfeito,
não sei o que pensa o molengão
passa os dias e as noites na molenga
como dantes já não quer fazer serão
só o que quer é mesmo descansar!
Não desconta para a previdência
tem cama e mesa de borla!
Estou a perder a paciência,
porque, já não vai à bola,
 nem à Cova da Piedade?
Apaixonado que era outrora
estava sempre pronto para a folia
cantando e sorrindo de felicidade
nunca se recusava como agora,
nem de noite, nem de dia!
(Edumanes)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

"FUGINDO DO FURÃO"

 Há no mundo tantos enganos!
que uns querem outros não corrigir
o correr, sem pressa, vão os alentejanos
para o trabalho, cantando ou a sorrir?

Não foi com arrogância, foi com paciência,
que se conseguiu recuperar a liberdade
pode até parecer que não foi com inteligência
 para quem no tempo desconhecia a realidade.

 Chegou com o romper da bela aurora,
devolveu alegria a quem a julgava perdida
para não ser surpreendida foi bem cautelosa
sendo por quem a esperava bem recebida!

Para se vingarem a todo o custo,
eles fazem tudo por tudo para voltar
para continuarem a pagar com cuspo
 a quem trabalha, custe o que custar!
(Edumanes)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

"OLHANDO PARA O DECOTE"

Quando chove na terra,
  a ribeira enche de água turva
da semente nasce verde a erva
 num lindo manto de verdura.
Era aquilo que imaginava,
verdadeiro, não ilusão
olhando para o decote,
dentro do peito sentia
as batidas do coração!
Para temperar a açorda,
antes do romper do dia
entornou o azeite do pote
quando a 100 graus fervia
a água dentro da caçoila!
(Edumanes)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

"FLORES E IMAGINAÇÃO"

A vida, não é nenhum jogo!
pode perder-se numa aventura
das nuvens, na terra, cai a chuva
não haverá fumo sem fogo?

Imaginando, um dia à tarde, na matiné,
na plateia, beijando os lábios duma gaiata
com a mão, bem, cheia de esperança e fé
 devolveu cinco hectares de chapada.

Advertindo, são pancadinhas de amor,
com meiguice de garota apaixonada,
deixa lá, não fiques tão triste assim
deverás ter por elas, especial, afeição
são como pétalas, perfumadas, sem fim
para colocar no seu peito junto do coração
quem me dera tivesse nas mãos uma flor.

Por pensar assim na vida minha,
nas tristezas de que a alma padece
umas vezes triste, outras vezes alegre
não sabendo quantas serão ainda!

Mesmo querendo parecer que não,
 constantemente, em permanência
nos momentos de maior aflição
sempre tem vencido a paciência!

Não penso que sejam só cantigas,
acontece quando menos se espera
mando as tristezas para as urtigas
para receber as flores na primavera!
(Edumanes)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

"NÃ É OVELHA, É LEBRE"

Viajando pelo Alentejo,
sacudindo o pó das orelhas
o turista, pastoreando no brejo,
viu um rebanho de ovelhas!

Perguntou ao pastor, se ele tinha uma ovelha,
toda preta com a ponta do rabo branco,
já ontem essa pergunta me foi feita por outro aselha
respondeu o pastor, para o turista, cantando!

Atã! você de ovelhas nada percebe,
por isso nã sabe, mesmo, do que tá falando
aquela do rabo branco, nã é ovelha é lebre
como o outro, parvo, para ela tá olhando!
(Edumanes)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

"NA CHAMINÉ"

Aqui está um dia soalheiro,
sopra o vento na chaminé
 não sendo, portando, o primeiro
 de que não seja o último tenho fé!

Vem dos lados da boca do inferno,
atravessa o Rio Tejo para a outra banda
não sendo de admirar, porque é inverno
má de gramar na planície alentejana!

Porque, lá naquele descampado,
 no verão,  onde o sol mais aquece
só mesmo à sombra dum chaparro
na vida, bem viver mais apetece!
(Edumanes)